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No front político-macro, a credibilidade institucional sofreu arranhões. A administração de Donald Trump — que vinha prometendo um ambiente cripto-friendly — passou por episódios de instabilidade: ameaças de tarifas sobre a China que provocaram o flash-crash de 10/10 (~US$ 9,5 bilhões em 24h) no mercado de cripto. Esse tipo de ruído elevou o risco percebido e mostrou que mesmo com narrativa institucional “on”, o mercado não ignora a execução ou a incerteza política.
Resultado: “UPtober” se encerra com amplitude de ~22 % (pico até ~US$ 126.000) e fechamento negativo (~-4 %), o que o coloca entre os piores outubro da história do Bitcoin — num mês que “normalmente” seria de alta. A queda do CVD/perda de interesse é o reflexo direto desse meio-ciclo: narrativa ok, liquidez crescente, mas convicção em queda.
Price action semanal (gráfico 1W) — range, padrões e níveis que mandam no jogo
O gráfico semanal do Bitcoin encerra a primeira semana de novembro dentro de uma estrutura claramente distributiva, com o preço preso entre 116K e 106K, o que já se consolidou como um retângulo de congestão horizontal. As últimas três velas formam um padrão de reversão adiada: sequência de corpos curtos, sombras superiores longas e fechamento progressivamente mais baixo, um sinal clássico de exaustão compradora sem confirmação de rompimento. Essa configuração costuma anteceder fases de redistribuição ou armadilhas de liquidez em topos locais.
O candle da semana passada foi um spinning top de corpo pequeno, com rejeição simultânea nas zonas de 114–116K, onde coincidem a EMA8 e a SMA21 — agora atuando como resistências dinâmicas. O rompimento falso acima delas, seguido de fechamento abaixo, caracteriza um bull trap técnico em plena confluência de médias, reforçando o controle temporário do lado vendedor. A sombra inferior, porém, indica que ainda existe demanda residual entre 106K e 108K, faixa onde o volume profile mostra o maior bloco de negociações do mês.
A tendência de fundo segue bullish no macro, mas a força do movimento perdeu consistência. O ADX semanal caiu para a faixa dos 19, evidenciando tendência enfraquecida. O volume decrescente confirma o que o CVD já mostrava em outubro: o mercado até reage, mas sem agressão efetiva de compra. Essa ausência de follow-through indica que a fase atual é mais de alívio do que de impulso — o que aumenta a probabilidade de um teste mais profundo à EMA55 (100.5K), que marcou o fundo ascendente anterior e coincide com a linha 0.768 da fibo.
O que está em jogo agora é o fechamento de faixa: se a semana abrir com candle abaixo de 108K e perder 106K com volume crescente, o mercado desenha um pivot de reversão local, abrindo caminho para 100.5K e possivelmente 98K. Mas, se o BTC defender esse piso e encerrar acima de 112K (reconquistando o POC de 111.2K), formará um trio de velas de fundo com base ascendente — padrão que costuma preceder retomadas de curto prazo. No gráfico semanal, portanto, o jogo não é de colapso, e sim de limite técnico: ou o suporte segura e vira trampolim, ou o range se transforma em escada para baixo.
Leitura diária (gráfico 1D) — CVD, volatilidade e a barreira da EMA233
Desde o flash-crash de 17/10, o preço vem se mantendo lateralizado entre 106K e 112K, mas o CVD mostra trajetória consistentemente descendente — o que denuncia perda de tração do comprador agressivo. Essa divergência é relevante: o preço não cai porque há absorção de liquidez por parte de players defensivos, mas também não sobe porque o fluxo novo de compra desapareceu. A partir daí, o risco é simples: quando o absorvedor sai do book, o preço tende a ajustar violentamente para o nível de interesse real, normalmente uma faixa de suporte não testada, hoje localizada em 105.9K.
A EMA233 diária, posicionada próxima de 112K, é o divisor de águas do curto prazo. Ela atuou como resistência precisa nos últimos quatro toques consecutivos e coincide com a borda superior do POC do perfil de volume. Enquanto o BTC continuar imprimindo fechamentos abaixo dessa média, o padrão se mantém bearish de consolidação. Um fechamento diário limpo acima de 112K seria o primeiro sinal técnico de absorção concluída e inversão de momentum, abrindo espaço para reteste em 114–116K.
O BBWP, já em 13.3% e subindo, confirma que a volatilidade está se expandindo depois de semanas de compressão. Com o CVD em queda e o money flow negativo, a leitura mais coerente é de expansão para baixo, possivelmente testando EMA55 e EMA144 nas próximas sessões. Essa expansão, contudo, pode gerar “fake moves” intraday, pois o mercado ainda mostra volume fragmentado e ausência de força direcional — cenário ideal para squeezes curtos e armadilhas.
Visualmente, as velas diárias desde o dia 27 formam um mini canal descendente dentro da faixa de congestão semanal, reforçando o padrão de compressão direcional. O candle do dia 1º/11 imprimiu martelo invertido logo abaixo da EMA8, sinalizando rejeição em resistência e preparando terreno para teste de fundo. Caso a mínima do dia 31 (106.3K) seja perdida, o movimento ganha força até a faixa de 105.9K–104.8K, onde há confluência de banda inferior de Bollinger, VPVR gap e nível psicológico de reversão curta..
Osciladores e momentum — leitura do ciclo semanal
No gráfico, o conjunto de osciladores confirma que o mercado entrou em fase de descompressão. As wave-trends negativas já não podem ser evitadas — o cruzamento descendente está consolidado, indicando redução clara de momentum comprador. O KDJ, por outro lado, completou um bouncing negativo na zona de sobrevenda, mas sem romper os suportes estruturais de preço, o que tecnicamente é um sinal bullish precoce: compradores estão defendendo os níveis mesmo com osciladores pressionados.
O MACD semanal segue perdendo força e altitude, com o histograma se estreitando nas últimas quatro semanas. A combinação entre wave-trend negativa e MACD enfraquecido gera um alerta: se o mercado não reagir nesta semana, o KDJ pode permanecer por mais tempo preso na zona de sobrevenda, configurando um período de lateralização prolongada antes de novo impulso.
O Money Flow Index (CMF) também mostra perda de altura, corroborando o que já vínhamos observando no CVD: fluxo institucional reduzido, menos agressão compradora e menor entrada de capital de risco. A diferença, porém, é que o CMF ainda se mantém em terreno positivo, sugerindo que o mercado ainda não entrou em exaustão completa — apenas esfriou o apetite. Esse descompasso entre preço lateral e fluxo descendente costuma antecipar períodos de redistribuição, onde o preço “anda de lado” enquanto as posições mudam de mãos.
Os osciladores retratam um mercado com tendência macro de alta, mas perdendo fôlego tático. O momentum comprador ainda existe, porém precisa de reconfirmação via volume e CVD. Sem isso, a pressão das wave-trends tende a dominar o curto prazo, empurrando o ativo de volta à base do range.
Suportes e resistências chave (curto e macro)
Suportes imediatos
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105.9K → banda inferior de Bollinger (2 desv., 1W)
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100.5K → confluência entre EMA55 e nível 0.768 de Fibonacci do ciclo
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94.2K → fundo técnico do range e retração 0.382 de Fibo
Resistências
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111.2K → POC do perfil de volume desde o rompimento dos 100K
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112K–114K → cluster de médias curtas (EMA8 e SMA21) + tampa dinâmica
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116K → teto do range semanal e pivô de reversão
Conclusão — o que esperar da primeira semana de novembro
Desta vez tivemos um DownTober: O mês que saiu pela culatra…
O fechamento semanal do Bitcoin consolida três fatores críticos:
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Lateralização de preço dentro do range, com rejeições em 114K–116K e sustentação em 106K.
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Osciladores perdendo altitude, mas sem confirmação de rompimento de suportes.
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Fluxo comprador reduzido, refletindo cautela institucional e incerteza macro.
Para a primeira semana de novembro, o mercado abre em modo neutro, à espera de gatilhos. A agenda macro segue dominada pelas reações ao último corte de juros do Fed, e o cenário político dos EUA continua afetando o sentimento de risco.
Com o BBWP em expansão e o CVD em queda, há maior probabilidade de volatilidade descendente nos primeiros dias do mês — um teste rápido na faixa 105–100K não deve ser descartado.
Por outro lado, fechamentos diários acima de 112K reverteriam o curto prazo, confirmando a leitura de absorção e reabrindo o caminho para 114–116K.
Resumindo: mercado em pausa estratégica, entre a inércia de outubro e a busca por direção.
A primeira semana de novembro deve definir se o BTC vai apenas descomprimir ou reabrir fôlego para o último rally do trimestre.
⚠️ Aviso
Esta análise é apenas um estudo técnico e não representa recomendação de investimento. |
