Este fim de vela semanal temos o Bitcoin com rejeição em resistência e suporte estratégico no radar. Encerramos a semana em um ponto decisivo do gráfico, depois de ensaiar o rompimento da resistência volumétrica em 117,9K, o ativo foi rejeitado, deixando uma sombra superior expressiva que revela o peso vendedor naquela região. A leitura técnica mostra um mercado em bull market de maior prazo, mas preso em consolidação madura, onde cada candle traz uma nova pista sobre para onde o próximo movimento relevante poderá se desenrolar. Nesta análise, costuramos os eventos macro e notícias da semana com o price action e os principais indicadores técnicos. O objetivo é entender se o BTC tem força para romper a faixa dos 118k e avançar rumo a 120,8–124k, ou se antes precisará retornar às bases de suporte em 112k ou até o POC em 105,1k para recarregar energia.

Contexto macro e notícias da semana

A principal notícia veio do Federal Reserve. Na quarta-feira, 17/09, o Fed anunciou um corte de 0,25 p.p. na taxa de juros, para a faixa de 4%–4,25%. Esse foi o primeiro corte desde dezembro de 2024 e sinalizou mais duas reduções até o fim de 2025. A medida, embora já amplamente esperada, reforça um pano de fundo de liquidez crescente no sistema financeiro, o que tende a beneficiar ativos de risco como o Bitcoin. O mercado reagiu de forma contida no curto prazo, mas a decisão cria um piso macro de suporte para os próximos meses. Enquanto isso, os ETFs spot de Bitcoin continuaram atraindo fluxos líquidos positivos. Embora haja dias de saída e entrada alternados, a fotografia semanal mostra captação consistente. Esse fator é relevante porque sinaliza que o investidor institucional segue alocando capital em BTC, reforçando a resiliência mesmo quando o price action aponta exaustão no curto prazo.

No campo regulatório, duas novidades chamaram a atenção: no Reino Unido, a FCA acelerou aprovações para empresas cripto, buscando manter o país competitivo no setor. Já nos Emirados Árabes, o Ministério das Finanças anunciou a adesão ao CARF, implementando regras de reporte fiscal para ativos digitais. Ambas as iniciativas reforçam o processo de institucionalização global do mercado, reduzindo riscos regulatórios de longo prazo e criando um ambiente mais estável para investidores.

Price Action: rejeição em resistência e sombra superior

A vela semanal atual do BTC é um verdadeiro estudo de caso em price action. O ativo tentou romper a resistência volumétrica em US$ 117,9 mil, chegou a negociar acima desse nível durante a semana, mas não conseguiu sustentar o avanço. O resultado foi um candle com sombra superior alongada, sinal claro de rejeição.

Esse tipo de formação indica que, ao alcançar a zona de oferta, os compradores encontraram uma muralha de ordens de venda que superou a demanda. A presença desse pavio superior sugere que, no curto prazo, há pressão vendedora significativa sempre que o preço se aproxima do cluster entre 118k e 120k.

Em termos técnicos, a mensagem é simples: enquanto não houver um fechamento semanal acima de 117,9k, não há rompimento confirmado. Tudo que acontece acima desse nível pode ser apenas “cauda” ou falso rompimento. A sombra que ficou marcada no candle da semana atual reforça exatamente essa interpretação.

Posição em relação às Bandas de Bollinger

Outro ponto crucial é a posição do preço em relação às Bandas de Bollinger. O candle semanal atual encosta na banda superior de desvio 2, mas não consegue se expandir para além dela com convicção. Em ciclos de alta, quando o preço rompe a banda e caminha “por fora” dela, temos o que chamamos de expansão de volatilidade, geralmente acompanhada de candles fortes e alongados.

Mas não é o que acontece agora. O que vemos é o preço testando a borda superior e recuando para dentro da banda. Essa leitura sugere que o mercado ainda não tem energia suficiente para romper a resistência, sendo mais provável uma de duas coisas:

1. Reversão para dentro da banda, com movimento em direção à média de 20 períodos ou até ao POC em 105,1k.

2. Consolidação lateral encostada no topo, consumindo tempo até que as bandas se abram novamente e permitam um rompimento mais sustentável.

A sombra superior reforça a primeira hipótese — de que um respiro até níveis de suporte pode ser necessário antes que o BTC consiga quebrar de vez a barreira dos 118k.

Estrutura de suportes e resistências

Os níveis mapeados pelo VPVR dão clareza ao cenário:

• Resistência imediata: 117,9k (onde ocorreu a rejeição).

• Cluster intermediário de suporte: entre 110k e 112k.

• POC em 105,1k: verdadeiro eixo gravitacional da faixa atual.

• Suporte crítico em 96,7k: última trincheira antes de uma correção mais profunda.

Enquanto o preço orbitar acima do POC, a estrutura de alta de médio prazo permanece intacta. Perder esse nível em fechamento semanal, contudo, abriria espaço para varredura até 100k–98k, com defesa natural em 96,7k.

Volume, fluxo e indicadores de tendência

O CVD e o volume confirmam que não houve capitulação, mas sim falta de tração compradora na região de 118k. Já a EMA8 semanal continua servindo de guia de tendência, ainda apontando para cima, mas com candles cada vez mais próximos dela. O ADX na casa de 25 reforça a leitura de tendência enfraquecida: bull market maior segue vivo, mas sem energia explosiva no curto prazo.

O BBWP positivo indica contração de volatilidade — típico prelúdio de um movimento mais forte. Isso combina com o padrão de compressão observado nas Bandas de Bollinger. A grande questão é se essa expansão futura ocorrerá para cima (rompendo 118k) ou para baixo (buscando o POC em 105k).

Osciladores: KDJ lidera, MACD pede confirmação

• CMF (~9%) confirma entrada líquida de capital, atuando como filtro positivo.

• Stochastic KDJ sinaliza possível reversão altista: linhas K e D em sobrevenda, com o J já cruzando para cima. Isso sugere que a fase mais aguda do respiro pode ter passado.

• MACD semanal ainda negativo, mas encurtando o histograma vermelho. Se virar positivo na próxima barra, será a confirmação do sinal do KDJ.

Em resumo: o KDJ aponta recuperação, o MACD pede confirmação, e o CMF sustenta a tese de fluxo comprador.

Síntese e cenários prováveis

1. Bullish (break-and-go): fechamento acima de 117,9k, com KDJ confirmado e MACD positivo. Alvo: 120,8–124k.

2. Compressão lateral: falha em romper, preço preso entre EMA8 e 117,9k, orbitando o POC em 105,1k.

3. Flush ao POC: rejeição forte em 118k seguida de correção até 105k, antes de nova tentativa de alta.

O candle atual, com sombra superior longa e rejeição em resistência, aumenta a probabilidade dos cenários (2) e (3) no curtíssimo prazo.

Conclusão

Com o Bitcoin com rejeição em resistência e suporte estratégico no radar, encerramos a semana testando resistência e sendo rejeitado, deixando um sinal claro de fraqueza compradora em topos. A sombra superior do candle semanal denuncia que o mercado ainda não tem força para romper a região de 118k.

Enquanto isso, a posição do preço nas Bandas de Bollinger reforça a leitura de consolidação: encostado na banda superior, mas sem expansão convincente. Isso abre espaço para uma correção em direção à EMA8, ao cluster de 110k–112k, ou até ao POC em 105,1k.

O bull market de médio prazo segue firme, sustentado por fluxo em ETFs e pelo corte de juros do Fed. Mas, no curto prazo, a mensagem é de paciência: o rompimento só será válido se vier acompanhado de fechamento semanal acima de 117,9k e confirmação pelos osciladores. Até lá, qualquer retração para a região de suporte deve ser interpretada mais como oportunidade de reposicionamento do que como ameaça estrutural.