Bitcoin mostra volatilidade e indecisão.

No gráfico diário o Bitcoin mostra volatilidade e indecisão.

O movimento do Bitcoin nesta terça-feira ainda é um eco da vela de ignição do dia 10, aquele flash crash que desestruturou o curto prazo e segue guiando o comportamento do preço. A Fibonacci traçada sobre essa vela mostra o quanto ela continua influente: o BTC encontrou apoio cirúrgico na extensão 1.414, em torno dos 107.8K, logo acima da 1.618, e coincidindo com a EMA233 — uma média que, historicamente, atua como linha divisória entre correção e reversão. Esse encontro técnico foi o que segurou a queda mais profunda, indicando que a força vendedora perdeu fôlego exatamente na fronteira onde costumam entrar compradores de posição mais longa.

O dia foi de pura volatilidade. O preço oscilou entre 107.5K e 114K, quase 6% de amplitude, e terminou praticamente no ponto de partida, desenhando uma vela doji que traduz indecisão. O mercado testou a retomada, mas a pressão de venda continua logo acima, especialmente nas regiões dominadas pelas EMA89 e EMA144, ambas alinhadas em torno de 114K. A sensação é de que o BTC tenta respirar, mas ainda está com o peso do crash nos ombros. Faltou convicção de compra, e o candle de hoje é o retrato exato disso: muito barulho, pouco deslocamento real.

O CVD (Cumulative Volume Delta) confirma esse quadro. Não há sinal de força compradora consistente — o que aparece é uma sequência de tentativas de absorção que morrem antes de ganhar tração. Em termos simples, o mercado está sendo empurrado por cobertura de shorts e ajustes táticos, não por entrada genuína de demanda. Essa leitura ganha força quando olhamos o VPVR, que mostra um paredão de liquidez entre 113K e 114K, o que explica por que toda tentativa de alta esbarra ali. Essa zona se consolidou como uma resistência real de curto prazo, e só um fechamento limpo acima desse nível mudaria a dinâmica.

No fundo, o que se vê é um mercado tentando se reencontrar depois de um trauma. A vela de ignição ainda dita o ritmo, e a volatilidade dos últimos dias é o reflexo disso: compradores testando o fundo técnico e grandes players distribuindo no topo do range. Enquanto o preço se mantiver preso entre 107.5K e 114K, o BTC continua em modo de consolidação — um intervalo típico de reequilíbrio depois de fortes quedas. O rompimento dessa faixa, pra qualquer lado, deve ser acompanhado de uma expansão brusca de volume, porque é justamente aí que o mercado vai decidir se o crash acabou… ou se ainda não chegamos ao fundo de verdade.

Osciladores

O painel técnico mostra um cenário misto, com sinais de esgotamento na pressão vendedora e tentativas de retomada ainda frágeis. Começando pelo CMF — as barras do primeiro Market Monitor —, dá pra ver que o fluxo de capital continua negativo, mas a intensidade da saída diminuiu sensivelmente nas últimas sessões. As barras estão encurtando e se aproximam da linha neutra, o que indica que a distribuição está perdendo força. Não é ainda um sinal de compra, mas é o primeiro indício de que a sangria de liquidez pode estar chegando ao fim. O preço está testando suporte e o dinheiro começa, aos poucos, a parar de sair — um comportamento clássico de slow accumulation.

O WaveTrend confirma essa leitura de transição: as ondas verdes e roxas perderam amplitude e estão se aproximando do eixo central. Isso mostra que a fase de impulso negativo está ficando exausta. Mesmo sem cruzamento definitivo, já há divergência de momentum — o preço marcou nova mínima, mas o WaveTrend não acompanhou com a mesma intensidade. Essa desaceleração de onda costuma anteceder um respiro, especialmente quando a volatilidade se comprime dentro das Bandas de Bollinger, como estamos vendo agora.

E falando nelas — as Bandas de Bollinger triplas tiveram papel direto na formação da vela de hoje. A máxima do dia encostou na banda superior de desvio 3, enquanto a mínima tocou a banda inferior de desvio 1, delimitando um canal perfeito de volatilidade controlada. Esse toque duplo explica o range de quase 7 mil dólares: o preço oscilou entre extremos técnicos, sem conseguir romper nenhum. O fato de o candle ter fechado próximo da média central indica que o movimento foi mais um teste de amplitude do que uma expansão direcional. As Bandas, nesse caso, funcionaram como amortecedor, segurando tanto o impulso comprador quanto o vendedor.

O “teste de amplitude” é o mercado mapeando seus próprios limites antes de escolher direção. Se o volume cair e os candles seguintes ficarem menores, significa que o teste cumpriu o papel de exaustão e vem consolidação. Mas se um dos lados ganhar fôlego e romper as bandas com corpo e volume, aí o teste vira sinal de início de expansão real — e a amplitude vira impulso.

No Estocástico KDJ, a leitura é interessante. Mesmo com a pancada de volatilidade do dia, as linhas K e D seguem apontando pra cima, sustentando o viés de recuperação. A linha J, no entanto, começou a desacelerar — sinal clássico de que o preço está ganhando fôlego, mas a força de compra está se ajustando ao ritmo do mercado. Isso normalmente antecede uma pequena congestão lateral antes de um movimento mais limpo. Em termos práticos: o mercado está tentando reagir, mas sem tração suficiente pra acelerar. A divergência entre o candle de indecisão e o estocástico em alta reforça essa ideia de “pausa dentro de uma tentativa de respiro”.

Por fim, o MACD, exibido no segundo Market Monitor, mostra exatamente o momento em que o motor começa a desligar o alerta vermelho. A linha azul, que vinha em queda livre, pausou o declínio, criando um pequeno platô — primeiro sinal de estabilização da tendência negativa. A linha laranja ainda está abaixo, mas a distância entre elas encurtou, o que indica perda de momentum vendedor. É como se o mercado estivesse esperando um gatilho externo pra decidir se confirma o fundo ou se volta a cair. Essa pausa no MACD, combinada com o estocástico ainda apontando pra cima, sugere que o BTC pode estar preparando o terreno para uma fase de consolidação com viés levemente otimista.

Em resumo, o conjunto dos indicadores pinta um quadro coerente: fluxo de saída enfraquecendo, momentum desacelerando, estocásticos respirando e bandas segurando o jogo. Ainda não é um sinal de reversão confirmada, mas o mercado claramente entrou na fase de exaustão da queda, onde os compradores começam a sondar terreno. Se os próximos candles confirmarem essa estabilidade entre EMA144 e EMA233, o BTC pode tentar uma recuperação gradual rumo aos 114K, desde que o volume acompanhe.

OURO

Depois de semanas de euforia, o ouro finalmente entregou uma correção de respeito: -6.85% na semana, a maior desde 2020. A pancada foi suficiente pra assustar os novos entrantes e fazer influencers comemorando o suposto “topo histórico” do metal, esperando que este evento marque o próximo fundo do Bitcoin.

Mas olhando friamente o gráfico, essa queda parece muito mais um reteste de suporte técnico do que um sinal de reversão de tendência. A Fibonacci traçada na amplitude da vela da semana passada mostra o toque perfeito na zona de 0.236 (em torno de 4.088K), um nível de retração raso e clássico em movimentos fortes de tendência — a famosa “agulhada cirúrgica” que limpa o mercado e devolve o controle pra quem tá realmente posicionado desde baixo.

Essa agulhada, inclusive, teve função dupla: além de testar a retração de Fibo, praticamente fechou um gap que vinha se arrastando em relação à máxima da vela anterior. Isso é extremamente relevante — gap fechado, interesse sanado. Em termos técnicos, quando o preço volta pra preencher uma lacuna e retoma a direção original, é sinal de que não há falha de liquidez nem resistência passiva naquela região. O mercado “resolveu” essa faixa de preço, o que reduz a chance de novas voltas ali no curto prazo. É o tipo de movimento que costuma preceder uma nova pernada de alta, especialmente em tendências longas como a do ouro.

Outro ponto chave é o comportamento em relação às Bandas de Bollinger triplas. O preço passou boa parte das últimas semanas trabalhando acima da banda de desvio 2, e nesta correção chegou a “agulhar” pra fora da banda de desvio 3, o que marca o limite extremo de sobrecompra dentro de tendência. Um possível fechamento ainda acima da BB dev2 mostra que o ativo pode seguir em plena zona de força. Em outras palavras: o ouro apenas “respirou” dentro de um canal que ainda é estruturalmente altista. O candle da semana é mais técnico até o momento!
podemos considerar um ajuste natural depois de um rali vertical, não o início de um colapso.

O CVD (Cumulative Volume Delta) e o CMF mostram que há perda momentânea de força compradora, mas isso é esperado em qualquer alívio de mercado após um rally tão esticado. O ADX em 54 e o Momentum acima de 97 ainda apontam força de tendência, o que indica que o fluxo comprador apenas desacelerou — não desapareceu. Além disso, o preço segue bem acima da EMA8 e da EMA21, o que mantém a leitura de continuidade dominante. Enquanto o ouro se sustentar acima da região dos 4.080K, o cenário segue construtivo, e a próxima pernada pode buscar o topo da projeção em 4.380K, com possibilidade até de alongar rumo à extensão 2.272 da Fibo (~4.520K) se o mercado retomar momentum.

Ainda é cedo pra bater o martelo mas essa correção até agora tem sido uma limpeza técnica, não fuga de capital. Está fazendo o que precisava: limpando alavancados, preenchendo gap e reafirmando suporte. O candle da semana é feio visualmente, mas saudável estruturalmente. E enquanto o metal permanecer acima de 4.080K, o jogo continua de alta.