O principal destaque é o CHIPX, projeto ligado à Shanghai Jiao Tong University, que estabeleceu uma linha-piloto de produção de 12.000 wafers fotônicos por ano, utilizando thin-film lithium niobate (TFLN), um dos materiais mais promissores para computação óptica.

A diferença essencial aqui está na passagem do laboratório para a linha de produção. Enquanto grande parte das pesquisas internacionais em fotônica integrada permanece experimental, o CHIPX afirma possuir:

• Capacidade industrial contínua

• Processos repetíveis

• Integração fotônica e eletrônica no mesmo módulo

• Possibilidade de escalar custo e volume

Esse tipo de plataforma é crucial porque permite evoluir rapidamente a eficiência de dispositivos fotônicos, tanto para aplicações em IA quanto para arquiteturas quânticas baseadas em medições.

A startup Turing Quantum, fundada por pesquisadores da própria Shanghai Jiao Tong University, apresentou o que descreve como um “computador óptico-quântico comercial para pesquisa”. A tecnologia utiliza fenômenos como interferência, caminhadas quânticas e cluster-states fotônicos.

Embora ainda não represente um computador quântico universal, essa abordagem reduz significativamente dois dos maiores obstáculos do modelo supercondutor tradicional:

1. Decoerência elevada

2. Correção de erro massiva

Fótons, diferentemente de elétrons, sofrem decoerência muito menor, o que reduz drasticamente o número de qubits físicos necessários para formar qubits lógicos estáveis.

Para que um computador quântico execute o algoritmo de Shor em larga escala contra o ECDSA (curva secp256k1), as estimativas clássicas falam em:

• Milhões de qubits físicos

• Milhares de qubits lógicos

• Elevada correção de erro

• Longas sequências de operações coerentes

A fotônica integrada, porém, tem potencial para reduzir esse custo em uma ordem de grandeza, graças a:

• Menor decoerência

• Arquiteturas específicas para paralelismo massivo

• Redução de overhead em correção de erro

• Melhor estabilidade em cluster-states fotônicos

Se essa redução se confirmar, o impacto na segurança digital global será significativo. Em vez de um horizonte confortável de 20 anos, poderíamos estar diante de um cenário onde o risco real começa a aparecer entre 2028 e 2033, especialmente para chaves públicas já expostas em blockchains.

É importante destacar que:

• Endereços de Bitcoin que já revelaram chave pública são os mais vulneráveis.

• Endereços nunca usados, como os atribuídos a Satoshi Nakamoto, permanecem muito mais protegidos.

• Contudo, a aceleração no avanço quântico significa que a segurança oferecida pelo SHA-256 também precisará ser reavaliada a médio prazo.

A chegada de produção industrial de wafers fotônicos é o primeiro sinal concreto de que a evolução quântica pode ser muito mais rápida do que o esperado pelo mercado ocidental. Em termos práticos, isso coloca uma pressão adicional para acelerar a adoção de padrões criptográficos pós-quânticos.