Hoje, 2 de dezembro, o quadro já é ligeiramente diferente: o Bitcoin voltou a ser negociado acima dos 90K, em um típico movimento de recuperação após flush de alavancagem. Parte dessa reação está ligada à leitura de que, apesar do tom firme dos bancos centrais, o mercado segue precificando cortes de juros em 2025, o que mantém viva a tese de cripto como ativo de alta beta em um cenário de liquidez gradualmente mais frouxa. Relatórios de fluxo mostram que produtos listados em bolsa — ETPs e ETFs de cripto — voltaram a registrar entradas líquidas próximas a US$ 1 bilhão na virada do mês, sugerindo que o dinheiro institucional não abandonou o jogo, apenas ficou mais seletivo após o tombo.
No restante do mercado, o quadro é de rotação e assimetria. ETFs de XRP, seguem se destacando em entradas de capital e já acumulam mais de US$ 750 milhões de influxos desde o lançamento, mesmo com o token passando por correções técnicas ao longo de novembro. Em paralelo, produtos alavancados ligados à empresa Strategy — fortemente exposta a BTC — acumulam perdas superiores a 80% no ano, ilustrando o risco de estruturas que amplificam tanto ganhos quanto quedas em ciclos de alta volatilidade. Somado a isso, a alta recente dos yields de títulos japoneses e o consequente aperto no carry trade em iene pressionaram ativos de risco globais, incluindo o Bitcoin, ampliando a queda de ontem. O resultado é um início de dezembro em que “Dumpember” ainda ecoa: o fluxo está voltando aos poucos, mas a mensagem do mercado é clara — o prêmio de risco permanece elevado, e qualquer recuperação de curto prazo convive com um humor frágil e extremamente sensível a novos choques macro ou a movimentos bruscos de grandes players.
Price action diário do Bitcoin reacende a disputa na Fibo 0.618
No gráfico diário vemos que realmente Dezembro começa quente!
O movimento das últimas 48 horas mostra que o mercado não aceitou com tanta facilidade a quebra da região dos 84–85K. Depois do flush agressivo de ontem, o preço voltou a testar exatamente a zona da Fibo 0.618 do ciclo (traçada do fundo em 15.5K até a ATH em 126K) e reagiu com força, produzindo uma vela de forte corpo comprador que engole praticamente toda a queda anterior. Esse engolfo altista ganha peso extra porque acontece logo acima da borda inferior do Golden Pocket e mira a máxima recente em 93K, sinalizando que a faixa entre 0.618 e 0.65 segue sendo o campo de batalha central desta correção.
O CVD diário reforça essa leitura: a linha, que vinha em queda praticamente linear desde o rompimento dos 100K, finalmente desenha uma inclinação positiva mais íngreme, sugerindo que o movimento de hoje não foi apenas “short cobrindo dano”, mas teve entrada efetiva de agressão compradora no livro de ordens. As Bandas de Bollinger começam a abrir novamente depois de um período de compressão na baixa, e o preço volta a trabalhar na metade superior do canal, aumentando a probabilidade de teste da banda de 2 desvios na região dos 93–95K. Acima dali, a EMA55 diária – atualmente em torno dos 100K – se torna a grande referência técnica de curto prazo: é a média que vem conduzindo toda a estrutura de correção e, enquanto não for retomada, o cenário segue classificado como repique dentro de tendência secundária de baixa.
Gráfico Semanal do Bitcoin sugere defesa de fundo ascendente
No semanal, a fotografia é ainda mais simbólica. A atual vela, embora ainda em construção, exibe longa sombra inferior e corpo comprador próximo à metade da amplitude, compondo algo muito próximo de um martelo de reversão sobre a própria linha de 0.618 do ciclo. Esse toque milimétrico na Fibo, combinado com a breve perda e rápida reconquista da linha de tendência do setup principal, sinaliza que a correção encontrou uma zona de valor onde compradores de prazo mais longo voltam a atuar. A EMA8 semanal ainda aponta para cima e se distancia da média central das Bandas de Bollinger, mostrando que, apesar da violência do “Dumpember”, a estrutura de impulso de alta do ciclo continua de pé.
Outro ponto relevante é o alinhamento das médias de médio e longo prazo, que seguem inclinadas para cima e sustentando uma configuração típica de bull market: curto prazo corrigindo com força, mas sem inverter a ordem das médias e sem levar o preço abaixo dos grandes suportes dinâmicos do semanal. Se esta região for consolidada nas próximas velas como um fundo mais alto em relação às correções anteriores do ciclo, o mercado poderá estar desenhando exatamente o que se espera em uma fase madura de tendência: um respiro profundo no Golden Pocket, lavagem de alavancagem e reconstrução gradual de estrutura para, mais à frente, retomar a disputa em torno dos 100K e, eventualmente, reabrir caminho para um novo teste da ATH em 126K.
OURO – Gráfico diário
No diário, o ouro continua se comportando como ativo de tendência. O preço trabalha firme acima da EMA8, com candles de corpo relativamente saudável e sombras controladas, mostrando que qualquer realização recente foi mais “respiro” do que mudança de direção. Depois daquele pico com rejeição forte logo após a ATH, o metal corrigiu até a região entre a EMA55 e o “miolo” das Bandas de Bollinger e, a partir daí, passou a construir uma escadinha de fundos ascendentes. Hoje o candle está encostado de novo na banda superior de 2 desvios e retestando a EMA8, em torno dos 4.2K, o que caracteriza pressão compradora consistente.
Os indicadores confirmam esse viés. O CVD está forte, com inclinação para cima, sinal de que o fluxo de capital continua entrando, não apenas mantendo posição antiga. O RSI trabalha confortável acima dos 60, região típica de tendência de alta madura, sem ainda dar sinais de exaustão extrema. O MACD está positivo e acima da linha de sinal, mostrando que o impulso recente ainda é comprador; não é aquela explosão vertical de começo de movimento, mas sim a continuação de um ciclo em que os recuos têm sido utilizados para reposicionamento de quem pensa em médio prazo.
As médias de prazo maior – EMA55, EMA144 e EMA233 – seguem alinhadas e apontadas para cima, funcionando como trilho de fundo dessa tendência. O preço se mantém bem distante das médias mais lentas, o que reforça que, por enquanto, qualquer volta até a zona dos 4.0K–3.9K seria apenas correção dentro de um bull market do metal. Em resumo: o diário do ouro ainda sugere apetite comprador, com fluxo, estrutura de alta preservada e espaço para continuar testando a região de topo histórico; o risco, a partir daqui, é mais de realização pontual nas bandas superiores do que de reversão estrutural imediata.
Conclusão
A leitura conjunta de Bitcoin e ouro, somada ao pano de fundo macro, desenha um cenário em que a palavra-chave continua sendo “realocação de risco”, não fim de ciclo. O Bitcoin passou por uma correção violenta em novembro, mergulhando até a região de 0.618 de Fibonacci do ciclo (83–84K) e lavando alavancagem em massa. Nos últimos dois pregões, porém, o diário começa a mostrar reação organizada: engolfo altista acima da Fibo, CVD finalmente inclinando para cima e preço voltando a testar a faixa dos 90–93K. No semanal, a vela atual se estrutura como um possível martelo exatamente sobre o Golden Pocket, sugerindo defesa de fundo ascendente dentro da bull-run, ainda que a tendência de curto prazo siga pressionada pela EMA8 e pela memória da queda de “Dumpember”.
Do outro lado, o ouro reforça seu papel clássico de porto seguro em contexto de juros altos e stress no carry trade. O diário do metal mostra tendência limpa de alta, com preço respeitando a EMA8, Bandas de Bollinger apontadas para cima, fluxo positivo de dinheiro e MACD sustentando impulso comprador. Enquanto o Bitcoin testa zonas de correção do ciclo e briga para reconquistar a EMA55 diária próxima dos 100K, o ouro trabalha nas imediações das máximas, com médias longas alinhadas e nenhuma evidência de reversão estrutural no curto prazo. Na prática, parte do capital global parece estar rodando entre “risco puro” (BTC), ativos defensivos (ouro) e renda fixa de países que voltaram a pagar prêmios relevantes – caso do Japão, cujos yields mais altos apertam ainda mais o parafuso do financiamento barato em iene.
O quadro que emerge é o de um mercado cripto ainda em tendência principal de alta, mas submetido a um regime novo: dominado por institucional, com correções profundas entre perna e perna e muito mais sensível a choques de liquidez global. Enquanto o Bitcoin respeitar a região de 0.618/0.65 como zona de valor e mantiver médias semanais de médio e longo prazo inclinadas para cima, a hipótese de topo definitivo em 126K perde força diante da leitura de “reset” saudável do ciclo. Porém, até que a faixa dos 96–100K seja retomada com volume consistente, qualquer repique seguirá sendo tratado como rally de alívio dentro de um ambiente de prêmio de risco elevado. Em contraste, o ouro segue como referência de tendência estável, lembrando ao investidor que, neste momento de transição macro, quem sabe equilibrar exposição entre volatilidade cripto e segurança do metal tende a atravessar essa fase com bem menos cicatrizes.
⚠️ Aviso
Esta análise é apenas um estudo técnico e não representa recomendação de investimento. |
