Para adicionar uma pitada de ironia a essa disputa, geólogos chineses anunciaram a descoberta de um campo aurífero estimado em 1.000 toneladas de ouro na província de Hunan — um depósito gigantesco, equivalente a quase 5% da produção global anual. O achado reforça a percepção de que a China quer consolidar sua posição como potência em reservas estratégicas. Contudo, essa abundância é apenas teórica por enquanto: a extração exige perfurações em profundidades de 3 km e infraestrutura ainda inexistente, o que significa que esse ouro não entrará no mercado tão cedo. Ou seja, não há pressão imediata sobre o preço do metal, e o papel do ouro como hedge permanece sólido.
O cruzamento dessas narrativas — recuperação técnica do BTC, exaustão aparente do ouro e descoberta de uma reserva que não chega ao mercado — cria um equilíbrio temporário. Investidores olham para o Bitcoin como um ativo de risco descontado e para o ouro como refúgio que ainda não saturou. Se o fluxo de capitais voltar a girar do metal para o digital, poderemos ver um novo ciclo de valorização do BTC ainda neste trimestre, mas o ambiente macro continua desafiador. Por ora, o mercado respira, digere o trauma do crash e observa qual desses dois velhos rivais liderará a próxima perna do ciclo.
O gráfico mensal do ouro é praticamente um livro de história condensado em velas. Ouro e Bitcoin repetem 2020? Quando a gente puxa o zoom lá de trás, desde os anos 80, fica claro que o metal nunca perdeu a essência de ciclo: sobe, adormece por uma década, e depois desperta com brutalidade. A Fibonacci traçada desde a mínima lá dos anos 2000 até a última máxima dá uma noção exata disso — a primeira pernada vista no gráfico (1980–2012) entregou absurdos 656% de valorização, e a segunda, iniciada após a mínima de 2015, já acumula 318%. Só que o ponto mais interessante é o rompimento da LTA que ligava essas duas grandes ondas, o que aconteceu lá por julho/2024. Foi o marco que tirou o ouro do modo defensivo e o colocou novamente em aceleração parabólica.
A posição atual no mensal é crítica: o preço quase encostou na Bollinger de 3 desvios (4.544 dólares), com ATH em 4380dol. Neste momento estamos em torno de 4.253dol. Dá pra ver nitidamente que o ativo está esticado, mas não esgotado!
O corpo das velas segue limpo, sem sombras longas de rejeição, e o volume ainda firme mostra que não há exaustão de compradores. O POC do VPVR no mesmo período, ali pelos 3.350 dólares, indica o “chão estrutural” do ciclo — e isso significa que, mesmo que venha correção, o metal tem colchão grosso de demanda até lá.
Agora, no semanal, o jogo fica mais sofisticado. As WaveTrends estão saturadas desde abril de 2024, o que em ciclos passados sempre antecipou períodos de lateralização, mas ainda não vemos o clássico corte de momentum.
Na verdade estamos a exatos 2 anos mantendo esse momentum positivo, acima do zero, o que mostra a força de mercado e o interesse pelo ativo.
O MACD, confirma isso e está abrindo amplitude, o histograma segue expandindo acima da linha zero e o cruzamento das médias continua apontado pra cima — um sinal de força viva, não de fraqueza. O Stoch KDJ, esse sim, grita sobrecompra, mas é aquele tipo de sobrecompra que acontece em tendência madura, em que o preço insiste em subir mesmo com o indicador travado lá em cima. É mais um alerta pra possíveis pausas do que um sinal de reversão iminente.
Essa leitura dos indicadores conversa perfeitamente com o contexto macro. O ouro está surfando uma combinação rara: Fed prestes a cortar juros, dólar fraco, fluxo crescente de bancos centrais asiáticos acumulando reservas, e mercado cripto em modo defensivo. A recente descoberta do campo aurífero chinês em Hunan — estimado em mil toneladas — só adiciona narrativa, não oferta real. A mina é profunda, de extração complexa, e vai demorar anos pra entrar em operação. Então, por mais que manchetes falem em “superoferta futura”, o impacto prático disso é nulo no curto prazo.
Voltando pro gráfico, dá pra ver que o ouro está justamente naquela fase em que o preço começa a perder fôlego vertical, mas ainda mantém a estrutura altista intacta. O candle mensal atual parece mais uma pausa técnica do que um esgotamento. Essa consolidação logo abaixo da Banda de 3 desvios pode ser o que o mercado precisa pra respirar antes da próxima pernada — aquela que mira justamente as extensões de Fibo 1.141 (4.963 dólares) e 1.272 (5.503 dólares). Se o metal conseguir manter o corpo acima de 4.000 dólares nas próximas semanas, há espaço pra essa sequência.
Resumindo: muito provavelmente o ouro não fez topo.
Fez, no máximo, um platô técnico temporário, sustentado por fluxo real e fundamentos sólidos. A divergência no WaveTrend é mais um pedido de desaceleração do que um aviso de colapso. O metal ainda é o ativo mais procurado por bancos centrais e fundos soberanos, e, num mundo que flerta com recessão e guerra comercial, essa demanda não evapora do dia pra noite. Se vier correção, será ajuste natural — não inversão. O ciclo segue firme, o topo definitivo ainda não chegou, e quem tenta adivinhar o fim do ouro cedo demais costuma ver o preço brilhar mais um pouco antes de dar razão.
E o #BTC?
Muitos analistas estão vaticinando o topo do Ouro e correlacionando isso com 2020 quando o Ouro fez um topo local enquanto o #BTC encontrava um fundo. Dando um “duplo clique” nisso, puxamos o gráfico de relaçao entre o #BTC e o #XAU para entender se estamos no mesmo momento.

O gráfico de duas semanas do par XAU/BTC conta uma história completamente oposta ao que vimos em 2020. Naquele ciclo, o ouro havia acabado de cravar topo e o Bitcoin, esmagado pelo medo, construía um fundo. Essa inversão entre um ativo e outro fez o BTC decolar enquanto o ouro corrigia. Agora, a fotografia é o espelho disso: o ouro está firme, quase colado no seu topo histórico, e o Bitcoin vem em queda, em plena ressaca depois de um rali que perdeu tração. A relação entre os dois — o XAU/BTC — está encostando em mínimas históricas, o ponto mais baixo desde que existe registro confiável dessa paridade.
O desenho técnico é nítido: desde 2018 essa razão vem dentro de um triângulo descendente, comprimindo até formar um fundo claro ali na casa dos 0.023 BTC por onça. Essa região virou chão estrutural — e o mercado está respeitando. As últimas velas mostram corpo crescente, sombra curta e um leve aumento de volume, o que indica reação. Em outras palavras: o ouro não só mantém o controle como parece começar a reconquistar espaço em relação ao Bitcoin. Enquanto o BTC apanha do próprio medo, o ouro segura firme, apoiado por fundamentos bem reais — juros em queda, dólar mais fraco e bancos centrais acumulando reservas como se fosse 2008 de novo.
Esse fundo da relação não é um gatilho mágico pra alta do Bitcoin, como muita gente tenta vender nas redes. É o oposto: é um sinal de que o ouro está no comando. Quando o ratio cai a esses níveis, significa que o metal está mais valorizado em relação ao BTC — e, historicamente, esse tipo de comportamento só reverte quando o apetite por risco volta com força, o que ainda não aconteceu de forma completa, mesmo com o #BTC atingindo máximas recentes. O ouro está em euforia técnica sustentada, o Bitcoin em exaustão emocional.
🟢 Suportes – Ouro (4h / 19 de outubro 2025)
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4.217 USDT (Fibo 0.65) — primeiro suporte intraday; região onde o preço já reagiu, sustentado pela média curta.
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4.156 USDT (Fibo 0.5) — suporte técnico intermediário, coincide com a base do último pullback.
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4.122 USDT (Banda de Bollinger Dev3 Inferior) — suporte profundo e provável zona de absorção; coincide com a EMA 55 no gráfico.
🔴 Resistências – Ouro (4h / 19 de outubro 2025)
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4.255 USDT — resistência imediata (nível atual do preço e pivô horizontal visível).
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4.284 USDT (Fibo 0.768) — teto intradiário; precisa ser rompido com volume pra retomar impulso.
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4.359 USDT (Banda de Bollinger Dev2 Superior) — resistência técnica e zona de rejeição provável.
Conclusão
A conclusão é direta: o XAU/BTC está num fundo histórico, mas isso não significa que o Bitcoin vá disparar — significa que o ouro tem mais chances de se valorizar ainda mais, em relação ao #BTC.
Até que o medo se dissipe, a liquidez retorne e o mercado volte a premiar risco, o metal continua reinando. Em resumo, vivemos o inverso de 2020: o ouro domina o palco e o Bitcoin, por enquanto, é apenas coadjuvante esperando a próxima cena.
⚠️ AvisoEsta análise é apenas um estudo técnico e não representa recomendação de investimento. |
