E a AltSeason?
Nesta quinta-feira e sexta-feira (18 e 19/06/2025), o Bitcoin enfrentou um momento de estabilidade tensa: permaneceu acima de US$ 104 000 mesmo após o Federal Reserve manter a taxa de juros em 4,25–4,50% e sinalizar uma postura ainda cautelosa (“hawkish pause”), o que limitou o apetite por ativos de risco. Apesar de tensões crescentes no Oriente Médio, o BTC não se valorizou como ativo refúgio, mantendo-se aproximadamente 7% abaixo da máxima recente. As altcoins registraram comportamento misto, enquanto o mercado aguardava sinais claros do Fed e da geopolítica, resultando em uma leve retração no valor total do ecossistema cripto. Enquanto o Bitcoin trava uma batalha decisiva para defender o suporte dos 103K, sua dominância no mercado segue em alta, mesmo diante da contínua saída de capital do marketcap total das criptomoedas. Esse fenômeno pode parecer contraditório à primeira vista: como o BTC ganha espaço se o dinheiro está indo embora do mercado como um todo? A resposta está justamente no movimento de fuga das altcoins — investidores estão abandonando projetos alternativos para buscar refúgio no ativo mais consolidado do setor. Mas como saber, na prática, se essa drenagem das alts realmente está acontecendo? Para isso, existe um indicador técnico extremamente eficiente: o gráfico TOTAL3ESBTC, que mostra com precisão o quanto de capital permanece (ou está saindo) das altcoins em relação ao Bitcoin. É ele que vamos analisar a seguir. |
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O que é o gráfico TOTAL3ESBTC?
O TOTAL3ESBTC representa o ratio do valor de mercado de todas as criptomoedas (excluindo BTC, ETH e stablecoins) dividido pelo valor de mercado do Bitcoin. Ou seja, ele mostra a “força” do mercado de altcoins (tirando os gigantes BTC/ETH e as stablecoins) em relação ao próprio Bitcoin.
Na prática, esse gráfico revela como está o apetite de risco, a confiança dos investidores em alts e o fluxo de capital do setor especulativo para o ativo dominante (BTC). Se o ratio sobe, quer dizer que as altcoins estão ganhando valor frente ao Bitcoin (capital entrando em projetos alternativos). Se o ratio despenca, é porque o dinheiro está saindo das altcoins e indo direto pro BTC (ou, pior, saindo do mercado cripto de vez).
Por que o TOTAL3ESBTC é o melhor termômetro da saída de capital do nicho?
Diferente de analisar só o gráfico de dominância do BTC (que mistura muita coisa e pode enganar), o TOTAL3ESBTC isola exatamente onde está a sangria do ecossistema. Ele exclui as stablecoins (que não são aposta de crescimento, só “porto seguro”) e ignora ETH, que virou quase “blue chip” das alts. Ou seja, ele mede o quanto de dinheiro o mercado está realmente disposto a deixar em apostas secundárias, meme coins, tokens de nicho, DeFi “alternativa”, etc.
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Quando o ratio está caindo:
É sinal de êxodo brutal de capital. Os investidores estão largando mão das apostas arriscadas para se proteger no BTC, mostrando desconfiança com o ciclo das altcoins. -
Quando rompe suportes históricos:
É praticamente um atestado de que a “altseason morreu” e o ciclo está fechado, pelo menos por enquanto. -
O que rolou agora:
O gráfico acaba de romper um suporte que segurava o setor há dois anos. A última vez que isso aconteceu foi em 2019, seguido por um longo inverno de altcoins.
Leitura técnica do momento
1. Rompeu o suporte de 2 anos
A linha vermelha horizontal marca o suporte mais testado desde 2022. O ratio bateu, segurou, tentou repique várias vezes e… agora foi perdido. O candle semanal anterior confirma o rompimento — e o volume de saída está acima da média (Chaikin MoneyFlow, as barras do indicador Mkt Monitor), reforçando que não é falso rompimento.
2. Todas as médias apontam pra baixo
A EMA9, EMA50 e EMA200 estão alinhadas em queda, mostrando que a tendência é estrutural, não só um “susto” de curto prazo. As médias servem agora como resistência: mesmo que role repique, qualquer tentativa de alta nas altcoins vai enfrentar vendedor nessas regiões.
3. Indicadores de momento em sobrevenda
O painel F!72 Mkt Monitor 2025 embaixo mostra WaveTrend afundando e chegando próximo à zona de sobrevenda, o que significa que pode até pintar algum repique técnico, mas o cenário de fundo segue totalmente negativo. Não existe sinal de reversão estrutural — apenas oportunidades para quem quer operar pullbacks contra a tendência (com alto risco).
4. VPVR mostra “buraco de liquidez” abaixo
O VPVR (Volume Profile) indica que, abaixo do suporte rompido, existe um grande vazio de liquidez. Isso significa que, se o movimento continuar, a descida pode ser rápida e profunda até o próximo grande cluster de volume.
Esse gráfico é o “heart monitor” do risco em cripto.
Quando o TOTAL3ESBTC rompe suportes assim, o recado é claro:
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Não é hora de sonhar com microcap milagrosa, nem meme coin explodindo.
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O mercado está migrando pro porto seguro do BTC (ou simplesmente indo pra fora do mercado).
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Até ETH sente a pressão — mas, sem fluxo pra altcoins pequenas, o setor como um todo sofre.
Pra quem busca ciclo de altseason, esse ratio precisa mostrar recuperação consistente, recupar médias e principalmente dar sinais de entrada de capital novo — o que, honestamente, não existe no cenário atual.
Ethereum semanal: candles robóticos, resistência pesada e estocástico em perda de força
O gráfico semanal do Ethereum chama atenção pelo padrão quase “robótico” das últimas cinco velas: corpos pequenos, fechamentos sempre próximos do mesmo nível e variação de preço contida. Essa lateralização bem definida, especialmente em contexto semanal, levanta a suspeita de atuação sistemática de algoritmos ou bots institucionais, segurando o preço em uma faixa estreita enquanto o mercado decide para onde seguir. Não é comum esse tipo de estabilidade num ativo historicamente volátil — geralmente é sinal de book controlado por grandes players ou, pelo menos, ausência de volume agressivo dos dois lados.
Tecnicamente, o ETH está encaixotado entre a SMA50 (~2.650), que agora atua como resistência dinâmica, e a EMA8/EMA21, que dão suporte na região dos 2.500. O topo da banda de Bollinger tripla (3 desvios) está bem acima, próximo dos 3.100, mas no momento parece um alvo distante, já que falta força de impulso para qualquer tentativa de rompimento desse “teto” do range.
O que mais salta aos olhos é o estocástico semanal: o indicador vinha de uma alta expressiva, mas já mostra clara perda de força. A K-line e a D-line viraram pra baixo e estão perto do nível 40, sinalizando esgotamento do movimento de alta. Isso, combinado com o padrão dos candles, reforça que o ETH pode estar apenas “respirando” antes de um novo movimento — e pelo contexto de mercado, o risco de correção ainda pesa mais que o de rompimento imediato.
Outros indicadores:
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CMF negativo (saída de capital),
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MACD ainda acima do sinal, mas perdendo momentum,
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BBWP alto (58.8%), indicando que a volatilidade ainda pode surpreender.
O volume também não empolga — bem menor que nas últimas semanas de queda, reforçando a ideia de absorção ou espera de definição macro.
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Resumo:
O ETH está em modo de consolidação, travado entre médias e resistências importantes, com estocástico semanal apontando fraqueza. O padrão dos candles sugere manipulação ou defesa de preço, típico de momentos onde ninguém quer se comprometer muito.
Cuidado redobrado: se perder suporte dos 2.500, abre espaço para testes em zonas mais baixas. Só volta a ter cenário de alta mais claro se romper e fechar acima dos 2.650–2.800 com força e volume.
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