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Segunda-feira, 17 de Março de 2025 às 8:46

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Tarifas de Trump em 2025 e Consequências Globais
Tarifas de Trump em 2025 e Consequências Globais

Tarifas de Trump em 2025 e Consequências Globais

 

Caminhões de carga aguardam para entrar nos EUA na ponte World Trade, na fronteira do México, durante congestionamento em 26 de novembro de 2024 (resultado das tensões comerciais)

 

O governo Donald Trump, no início de 2025, adotou novas tarifas amplas sobre parceiros comerciais-chave, reacendendo disputas comerciais internacionais. Em fevereiro, Trump havia anunciado tarifas de 25% sobre todas as importações do Canadá e do México, além de 10% sobre produtos chineses, justificando-as pela falha desses países em conter o tráfico de fentanil (e, no caso de Canadá/México, imigração ilegal).
Embora inicialmente tenha adiado as tarifas norte-americanas contra Canadá e México para negociação, em 4 de março de 2025 a Casa Branca confirmou que as tarifas entrariam em vigor, levando a uma escalada na guerra comercial regional . Assim, passaram a vigorar tarifas de 25% sobre bens do Canadá e México (abrangendo praticamente todas as importações desses países, no valor de cerca de US$ 900 bilhões anuais), com uma tarifa diferenciada de 10% para produtos energéticos canadenses. Simultaneamente, Trump dobrou de 10% para 20% as tarifas sobre produtos importados da China , penalizando Pequim por não deter o fluxo de opioides. Essas medidas somam-se a tarifas já existentes de até 25% impostas durante o primeiro mandato de Trump, intensificando a pressão sobre cadeias globais de suprimento.

Ameaças e retaliação do Canadá: O anúncio das tarifas contra o Canadá foi acompanhado de duras críticas e ameaças mútuas. Trump advertiu que, se Ottawa retaliasse, ele elevaria ainda mais as tarifas sobre produtos canadenses para “igualar” as represálias. O primeiro-ministro Justin Trudeau condenou a iniciativa como “uma decisão muito estúpida” e afirmou que os EUA “escolheram lançar uma guerra comercial que prejudicará antes de tudo as famílias americanas”. Mantendo sua palavra, o governo Trudeau anunciou tarifas retaliatórias de 25% sobre C$ 30 bilhões em produtos dos EUA (cerca de US$ 20,7 bi) com vigência imediata, incluindo itens como suco de laranja, pasta de amendoim, vinhos, destilados, cerveja, café, eletrodomésticos e motocicletas. Trudeau avisou que, se as tarifas americanas não forem retiradas, ampliará em 21 dias as tarifas para cobrir um total de C$ 155 bilhões em importações americanas, possivelmente englobando veículos automotores, aço, aeronaves, carne bovina e suína. “Nossas tarifas permanecerão em vigor até que a ação comercial dos EUA seja revogada,” declarou Trudeau, enfatizando que a justificativa do fentanil era “completamente fraudulenta” e acusando Trump de querer enfraquecer gravemente a economia canadense. Além disso, províncias canadenses adotaram contramedidas: por exemplo, o premiê de Ontário baniu empresas dos EUA de licitações públicas locais e ameaçou sobretaxar em 25% a eletricidade exportada aos EUA caso as tarifas persistam.

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Outras tarifas e setores mais afetados: A lista de novas tarifas efetivamente implementadas é ampla, atingindo diversos setores econômicos:

  • Importações do Canadá e México: Tarifa adicional de 25% sobre quase todos os bens originários desses países. Isso afeta especialmente a indústria automobilística, dada a profunda integração das cadeias de suprimento na América do Norte. Especialistas preveem impacto severo no setor automotivo, com interrupção de cadeias produtivas trilaterais e aumento no custo de veículos, podendo reduzir a demanda. Outros setores integrados, como máquinas, equipamentos e bens de consumo, também enfrentam custos maiores.
  • Energia canadense: Tarifa de 10% específica para importações de petróleo e outros produtos energéticos do Canadá. Esse gravame menor (comparado aos 25% gerais) ainda assim encarece insumos energéticos, afetando refinarias e indústrias dos dois lados da fronteira.

 

  • Importações da China: Elevação das tarifas de 10% para 20% sobre todos os produtos chineses. Itens de eletrônicos de consumo, antes isentos, agora são atingidos – incluindo smartphones, laptops, consoles de videogame, smartwatches, alto-falantes e dispositivos Bluetooth. Grandes varejistas dos EUA alertaram para prováveis aumentos de preços ao consumidor: o CEO da Target admitiu que preços de produtos sazonais (como abacates mexicanos) subiriam em poucos dias com a tarifa de 25% , enquanto a rede Best Buy, altamente dependente de fornecedores da China (seguida pelo México), previu repasses ao consumidor e pressão inflacionária ao longo das semanas seguintes. Analistas estimaram um custo adicional médio de quase $1.000 por ano por família americana devido a essas tarifas .

 

  • Setor agrícola e bens de consumo alimentícios: Embora as novas tarifas dos EUA não tenham foco setorial explícito (sendo abrangentes por país), as exportações agrícolas americanas estão na mira das retaliações. Pequim imediatamente retaliou impondo tarifas adicionais de 10%–15% sobre certos bens dos EUA (válidas a partir de 10 de março), concentradas em produtos agrícolas como carnes, grãos, algodão, frutas, vegetais e laticínios. Da mesma forma, a lista de retaliação inicial do Canadá visou produtos agroalimentares emblemáticos dos EUA (sucos, manteiga de amendoim) e bebidas, prejudicando produtores americanos desses segmentos. Assim, setores agrícolas e de alimentos processados dos EUA sofrem duplamente: perdem competitividade em mercados externo (devido às tarifas retaliatórias) e enfrentam possíveis quedas de exportação.

 

  • Matérias-primas e metais: Trump ordenou investigações que podem resultar em novas tarifas em setores de base. Foi aberta uma investigação por segurança nacional sobre importações de madeira e produtos de madeira, mirando especialmente o setor madeireiro – no qual o Canadá já sofre tarifa de 14,5% sobre madeira de construção. Também houve retomada de uma investigação sobre países que aplicam impostos digitais (potencialmente afetando exportações de serviços digitais europeus) e proposta de taxa de até US$ 1,5 milhão por navio de origem chinesa que atraque em portos americanos. Além disso, iniciou-se inquérito tarifário sobre importações de cobre. Embora essas medidas ainda estejam em fase de estudo em março de 2025, a mera perspectiva já abala os setores de luminárias, construção civil e manufatura que dependem de madeira e cobre importados, bem como o setor naval e logístico (devido à possível taxa sobre navios).

 

Em suma, os setores automotivo e aeroespacial norte-americanos sentem o choque das tarifas contra Canadá/México (devido ao encarecimento de peças e insumos integrados); o agronegócio e indústria alimentícia dos EUA sofrem com as retaliações direcionadas; varejistas e consumidores enfrentam alta de preços em bens eletrônicos e de consumo diário; e indústrias de recursos naturais (energia, madeira, metais) encaram novas barreiras. Analistas observam que estas são as tarifas mais altas impostas desde os anos 1940 sobre parceiros comerciais de longa data, sinalizando uma virada protecionista sem precedentes na era pós-guerra.

Reação da China e Queixa na OMC

A China respondeu imediatamente ao pacote tarifário de Trump. Pequim anunciou tarifas retaliatórias de 10% a 15% sobre determinadas importações americanas (efetivas em 10 de março) e restrições de exportação focadas em certas entidades norte-americanas. Além disso, iniciou uma disputa formal na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas dos EUA. Em 5 de fevereiro de 2025, a China protocolou uma reclamação oficial na OMC contestando as tarifas de Trump, argumentando que as medidas violam as obrigações dos EUA sob os acordos que fundaram a OMC. O pedido chinês destaca o caráter discriminatório das tarifas, sugerindo que os EUA estão privilegiando alguns países em detrimento de outros, o que fere o princípio de não-discriminação do comércio multilateral.

 

A abertura desse painel na OMC sinaliza a determinação da China em usar mecanismos multilaterais para frear o protecionismo americano. Em termos práticos, a queixa chinesa inicia consultas formais; se não houver acordo, a China pode solicitar a formação de um painel de arbitragem. Contudo, vale notar que o sistema de solução de controvérsias da OMC está parcialmente paralisado desde 2019, devido ao bloqueio na nomeação de juízes para seu Órgão de Apelação. Isso significa que, mesmo se a China vencer no painel inicial, os EUA poderiam apelar para um Órgão de Apelação inoperante, adiando indefinidamente a resolução final. Em outras palavras, a ação chinesa na OMC tem um peso político e simbólico significativo – reafirmando as regras do comércio global – porém efeitos práticos limitados de curto prazo, dada a crise institucional na OMC.

 

No entanto, as implicações globais dessa disputa vão além do processo jurídico. Ao lançar mão da OMC, a China se posiciona como defensora da ordem comercial baseada em regras, em contraste com o unilateralismo dos EUA. Isso pode angariar apoio de outros países preocupados com o precedente das tarifas americanas. A Comissão Europeia, por exemplo, declarou que “lamenta profundamente” a decisão dos EUA, alertando para o risco de disrupção do comércio global. Se mais nações seguirem o exemplo dos EUA impondo tarifas por motivos políticos ou de segurança nacional, o sistema multilateral de comércio pode ser enfraquecido, abrindo caminho para uma era de medidas retaliatórias em cadeia fora do controle da OMC.

 

Impactos na economia dos EUA e mundial: A queixa chinesa na OMC reflete a preocupação de que a guerra tarifária possa afetar o crescimento global. Economistas alertam que essas tarifas agravam a inflação nos EUA, encarecendo insumos e produtos finais para consumidores e empresas. Setores exportadores americanos, especialmente agrícolas, já sofrem perda de mercados – estima-se que as guerras comerciais do primeiro mandato de Trump custaram cerca de US$ 27 bilhões em vendas externas perdidas para os agricultores americanos, com fornecedores de países como Brasil ocupando o espaço dos EUA na China. Agora, com novas barreiras, empresas dos EUA podem ver sua competitividade cair ainda mais, enquanto consumidores pagam a conta na forma de preços mais altos. Analistas do mercado financeiro temem que a escalada tarifária de 2025 possa derrubar a economia global em recessão. De fato, os mercados reagiram negativamente: bolsas nos EUA, Europa e Ásia caíram fortemente após as medidas – o índice Nasdaq entrou em território de correção, e as ações de montadoras, construtoras e varejistas sensíveis a tarifas tiveram perdas significativas. Investidores buscaram refúgio em títulos do Tesouro americano (levando o rendimento do título de 10 anos ao menor nível desde outubro) e em moedas seguras como iene e franco suíço.

 

Para o comércio global, a formalização do litígio na OMC evidencia tensões entre as duas maiores economias do mundo. A China advertiu que “reserva-se o direito de adotar medidas adicionais”, insinuando que pode retaliar de outras formas se os EUA não recuarem – seja ampliando suas próprias tarifas, restringindo exportações de matérias-primas estratégicas ou dificultando negócios de empresas americanas na China. Em paralelo, a credibilidade dos EUA como defensor da livre comércio fica abalada; outras nações podem se ver tentadas a erguer barreiras tarifárias alegando razões similares (segurança nacional, antidrogas etc.), fragmentando ainda mais as cadeias produtivas globais. Assim, a queixa da China na OMC é mais do que uma disputa jurídica: ela simboliza uma luta pelo futuro do sistema de comércio internacional, entre a estrutura multilateral cooperativa pós-1945 e um cenário de acordos bilaterais de força.

Impactos Políticos e Relações Internacionais

A onda de tarifas de 2025 já produz reverberações políticas significativas. Tradicionais aliados dos EUA manifestam descontentamento e buscam estratégias para lidar com um parceiro imprevisível. Canadá e México, parceiros no USMCA (NAFTA renegociado), se veem traídos após cooperação em outras pautas (como imigração e drogas) e agora adotam um tom mais combativo. Trudeau, além de retaliar comercialmente, fez apelos públicos aos americanos sobre os danos mútuos dessa guerra comercial, mas também indicou que o Canadá buscará resolver a disputa via OMC e pelos mecanismos do acordo USMCA. O México, cujo presidente Claudia Sheinbaum prometeu anúncio detalhado de retaliações em breve, tenta equilibrar firmeza e diálogo – evitando resposta precipitada imediata, mas deixando claro que tomará “medidas tarifárias e não tarifárias” para defender seus interesses. Essa coordenação entre Ottawa e Cidade do México sugere um alinhamento mais independente frente a Washington, possivelmente aproximando ainda mais as duas nações entre si.

Aliados europeus também demonstram frustração com as políticas de Trump. A União Europeia lamentou a decisão tarifária e teme ser a próxima alvo – Trump já ameaçou impor tarifas “recíprocas” para igualar taxas e barreiras de outros países, o que atingiria duramente a UE (por exemplo, compensando o IVA europeu com novas tarifas americanas). Líderes europeus, reunidos em março em cúpulas sobre Ucrânia e defesa, ficaram estarrecidos com o tratamento hostil de Trump ao presidente ucraniano Zelensky e com a imposição de condições econômicas a um país em guerra. Nos bastidores, diplomatas europeus manifestam indignação: um alto funcionário declarou que Trump precisa decidir se quer ser “líder do mundo livre ou chefe de uma gangue de extorsão”, chamando seu comportamento de “vergonhoso”. Outro oficial do norte da Europa classificou o episódio como “um ultraje absoluto”. Tais comentários revelam uma erosão sem precedentes de confiança: aliados da OTAN questionam a confiabilidade dos EUA sob Trump e se veem obrigados a recalcular suas políticas.

Ao mesmo tempo, governos europeus buscam manter canais abertos com Washington para minimizar danos. Em reunião em Londres, líderes como o premiê britânico Keir Starmer insistiram com Zelensky para que tentasse recompor laços com Trump. Esses líderes sinalizam disposição de a Europa assumir mais “peso” em garantir a segurança da Ucrânia, mas admitem que precisarão de forte apoio dos EUA – algo que Trump até agora não garantiu. A dissonância entre a retórica europeia (de autonomia estratégica) e a realidade (dependência do poder militar e econômico dos EUA) fica evidente. Apesar do mal-estar, a Europa sente que não há alternativa senão dialogar com Trump: as economias europeias também seriam prejudicadas por uma retração global ou pela perda de acesso ao mercado americano. Ainda assim, a coesão do bloco ocidental fica abalada. Países da Ásia e Oriente Médio observam atentamente esses atritos, possivelmente recalibrando suas alianças – por exemplo, a China e a Rússia podem tentar explorar fissuras nas relações transatlânticas, oferecendo parcerias econômicas a países insatisfeitos com o protecionismo americano.

Politicamente dentro dos EUA, as tarifas de Trump geram divisões partidárias e setoriais. Alguns parlamentares republicanos as apoiam como forma de pressão negociadora e proteção de indústrias domésticas; já democratas e mesmo alguns republicanos de estados exportadores criticam o impacto sobre consumidores e agricultores. A deputada Suzan DelBene, de Washington, afirmou que essa decisão tarifária custaria “milhares de dólares às famílias americanas” e protestou contra o fato de um presidente poder impor impostos (tarifas) sem aprovação do Congresso. Por outro lado, ex-assessores de Trump como Peter Navarro minimizam o efeito inflacionário, chamando-o de “pequeno efeito secundário” . O tema pode ter implicações eleitorais internas, especialmente se os preços ao consumidor subirem e o crescimento desacelerar — possivelmente influenciando o pleito presidencial de 2028.

Em resumo, as tarifas de 2025 impactam as relações internacionais ao tensionar vínculos históricos. Aliados próximos como Canadá e Europa agora questionam a estabilidade do pacto com os EUA, adotando retórica dura e buscando foros legais (OMC, USMCA) contra Washington. O sistema de alianças construído no pós-Guerra Fria enfrenta um teste de estresse: até que ponto parceiros como Japão, Coreia do Sul ou Austrália, que dependem do guarda-chuva de segurança americano, se sentirão confortáveis se a política comercial/diplomática americana se torna imprevisível? A ordem econômica global também sofre: medidas unilaterais minam instituições como a OMC e podem inaugurar uma fase de acordos comerciais de blocos, fragmentando a globalização. O próprio Trump reconheceu estar trilhando um caminho controverso, descrevendo suas políticas como “tarifas em esteróides” — que, conforme alerta de um economista, podem manter a inflação elevada e até precipitar uma recessão mundial caso levadas ao extremo.

Acordo de Terras Raras entre EUA e Ucrânia e Reação dos Aliados

Paralelamente à disputa tarifária, emergiu em fevereiro de 2025 um acordo econômico controverso entre Estados Unidos e Ucrânia envolvendo minerais estratégicos (principalmente terras raras). Esse acordo concede aos EUA acesso privilegiado à rica reserva mineral ucraniana – incluindo elementos raros críticos para tecnologia e defesa – em troca de apoio financeiro e possivelmente militar contínuo a Kiev. Na prática, relatos indicam que o governo Trump propôs que empresas americanas obtenham 50% de participação nos depósitos de terras raras da Ucrânia e uma fatia equivalente de quaisquer receitas futuras desses recursos, como forma de “compensar” os EUA pela ajuda fornecida durante a guerra contra a Rússia. Trump chegou a mencionar a cifra de US$ 500 bilhões em minerais como contrapartida esperada, alegando que os EUA gastaram valor semelhante em assistência a Kiev. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky resistiu inicialmente a essa proposta, recusando-a durante a Conferência de Segurança de Munique por não incluir garantias de segurança concretas para a Ucrânia em troca de tamanha concessão econômica. “Não se pode simplesmente chamar isso de US$ 500 bilhões e pedir que devolvamos US$ 500 bi em minerais… não é uma conversa séria”, afirmou Zelensky, apontando que a ajuda real recebida de Washington até então era inferior a esse montante.

 

Apesar das hesitações, sob intensa pressão, Kiev acabou cedendo em parte. Em final de fevereiro, fontes indicaram que EUA e Ucrânia chegaram a termos de um acordo preliminar de minerais mesmo sem garantias formais de segurança dos EUA no texto. Trump pressionou por uma assinatura rápida, anunciando que Zelensky iria a Washington para firmar um “acordo muito grande”. O acordo serve ao duplo objetivo de Trump: declarar um fim rápido à guerra Rússia-Ucrânia (que ele buscava mediar) e assegurar para os EUA uma posição vantajosa na exploração pós-conflito dos recursos ucranianos. Em contrapartida, a Ucrânia espera que a parceria econômica aumente a disposição dos EUA em garantir sua soberania no longo prazo (pois haveria interesses americanos diretos a proteger no país).

 

Aliados da OTAN insatisfeitos: Vários membros da aliança Atlântica – que também investiram pesado no apoio à Ucrânia contra a invasão russa – viram esse acordo bilateral com preocupações e ressentimento. Em primeiro lugar, governos europeus sentiram-se excluídos e surpreendidos. O acordo foi negociado de forma direta entre Washington e Kiev, “preterindo tanto Kiev (que cedeu sob pressão) quanto a Europa” em todo o processo. Oficiais europeus foram pegos de surpresa pelas conversas entre Trump e Putin sobre o fim da guerra que ignoraram os europeus, bem como pelo aviso de Washington de que os EUA “não priorizavam mais a segurança da Europa” . Países europeus que apoiam a Ucrânia encaram a exigência americana de pagamento em recursos naturais como contrária ao espírito de solidariedade. Tradicionalmente, a ajuda ocidental a Kiev vinha sendo justificada como defesa da democracia e da segurança europeia; condicionar o socorro a benefícios materiais diretos soa como “mercantilizar” a aliança. “Estamos reduzidos a isso, a ter de mendigar de chapéu na mão e dar algo em troca por apoio?”, lamentou um observador, criticando o caráter estritamente transacional imposto por Trump. O senador americano Adam Schiff ecoou essa crítica, chamando o acordo de “mesquinho” e acusando Trump de trair um aliado e os princípios democráticos ao tratar tudo “apenas por dinheiro”.

 

Em particular, países do Leste Europeu e Báltico – que enfrentam diretamente a ameaça russa e defenderam firme apoio irrestrito à Ucrânia – ficaram alarmados. O ex-chanceler da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, afirmou que ver a Ucrânia pressionada a tal acordo deve servir de lição para a Europa: a UE deveria ter ajudado mais para evitar Kiev ficar à mercê de exigências unilaterais dos EUA. Ele instou os europeus a serem mais ágeis e presentes, inclusive oferecendo assistência técnica para avaliar se o acordo proposto serve aos interesses ucranianos. Essa declaração sugere que Lituânia e possivelmente outros vizinhos de Ucrânia enxergam o acordo como algo potencialmente lesivo à soberania ucraniana e à unidade ocidental – um “mal necessário” resultante de insuficiente apoio europeu prévio.

 

Grandes potências da OTAN na Europa Ocidental, como Reino Unido, França e Alemanha, também demonstram incômodo. Autoridades europeias teriam ficado “furiosas em privado” com o tratamento dado por Trump a Zelensky e temem “concessões muito amplas” de Washington a Moscou para encerrar a guerra. A percepção é que Trump busca um fim rápido do conflito possivelmente em termos desfavoráveis para Kiev (por exemplo, congelando linhas de frente) em troca de vantagens econômicas. Isso colide com a estratégia europeia de longo prazo de garantir uma paz justa e duradoura. Além disso, empresas europeias e governos que vislumbravam participar da futura reconstrução da Ucrânia e de projetos de mineração lá agora se veem em desvantagem, já que os EUA negociaram uma posição privilegiada. Tais países investiram bilhões de euros em ajuda militar e humanitária a Kiev durante a guerra, muitas vezes arcando com custos políticos internos, e podem sentir que os EUA estão colhendo os frutos econômicos desse investimento comum.

 

Efeito na coesão da OTAN: O mal-estar gerado por este acordo de terras raras se soma às tensões comerciais e de segurança, afetando a coesão interna da OTAN. A aliança vinha mostrando unidade notável contra a agressão russa, mas agora surgem divisões em torno de quid pro quos materiais. “Ucranianos e outros aliados da OTAN há muito insistem que garantias de segurança não são caridade, e sim proteção para toda a aliança”, lembrou Yehor Cherniev, parlamentar ucraniano, criticando a postura americana de exigir “retribuição” da Ucrânia. Ele afirmou ser “ofensivo e incompreensível” que tratem a Ucrânia como colônia ou inimigo pagando reparações, quando o país tem sido um amigo leal dos EUA. Essa voz reflete o sentimento de muitos nos países do flanco leste da OTAN: eles veem a defesa da Ucrânia como parte integrante da defesa da Europa e da própria OTAN – ou seja, ajudar Kiev é ajudar a si mesmos a deter a Rússia. Quando os EUA transformam isso em barganha econômica, minam o princípio de confiança mútua.

 

Como resultado, rachaduras no consenso transatlântico podem se aprofundar. Aliados insatisfeitos podem, por exemplo, mostrar-se menos dispostos a seguir a liderança dos EUA em outras frentes (sanções comerciais, alinhamento estratégico contra a China etc.). Também cresce na Europa a discussão sobre “autonomia estratégica” – tornar-se menos dependente dos EUA em defesa e suprimentos críticos. A situação da Ucrânia impulsiona a UE a considerar políticas industriais para minerais críticos e investimentos em defesa coletiva. Em última instância, a OTAN permanece intacta, mas a credibilidade do compromisso americano está em xeque. A percepção de que Trump enxerga alianças em termos de “quem paga ganha” é vista como “prejudicial à confiança” dentro da OTAN. Isso beneficia diretamente adversários como a Rússia: Putin chegou a oferecer aos EUA acesso conjunto a depósitos de terras raras russos – uma manobra para semear discórdia e enfraquecer a frente unida pró-Ucrânia. Se os aliados começarem a duvidar uns dos outros, a efetividade da OTAN como bloco coeso de dissuasão fica comprometida.

 

 

Espanha, OTAN e Possível Retirada

A turbulência nas relações transatlânticas repercute também na política interna de alguns países aliados. Espanha é um exemplo notório em 2025, com sinais de crescente ceticismo em relação à OTAN e até discussões sobre uma possível retirada da aliança. Partidos da coalizão governista espanhola, notadamente o Podemos (esquerda populista) e sua aliada Esquerda Unida, aproveitaram o contexto internacional para reavivar antigas demandas de saída da OTAN. Em 3 de março de 2025, Ione Belarra – líder do Podemos e ex-ministra do governo – declarou publicamente: “É necessário retirar imediatamente a Espanha da OTAN, fechar as bases dos EUA em nosso território e parar o aumento do gasto militar” . Belarra argumentou que a OTAN “não serve absolutamente para nada à União Europeia, apenas defende os interesses dos Estados Unidos”, chegando a dizer que, se houvesse uma guerra em solo europeu, “os EUA fariam o mesmo que fizeram com a Ucrânia: nos deixariam na mão” . Ela propôs formalmente ao primeiro-ministro Pedro Sánchez a saída da Espanha da OTAN, alegando que “não haverá autonomia estratégica europeia nem futuro para o projeto europeu” enquanto o país permanecer “em uma estrutura militar dirigida por um fascista como Donald Trump” . Esse discurso duro – incluindo chamar o presidente americano de “fascista” – reflete o extremo descontentamento de setores da esquerda espanhola com o rumo da aliança sob a liderança dos EUA.

 

Outra figura do Podemos, a ex-ministra Irene Montero, reforçou que “é o momento de sair da OTAN”, ecoando esse sentimento nas bases do partido. A Izquierda Unida, parte da mesma coalizão, foi além ao rotular a OTAN como “uma organização criminosa”, posicionando-se contra qualquer novo envio de armas espanholas à Ucrânia. Essas declarações públicas indicam sinais concretos de uma possível retirada: pela primeira vez em décadas, partidos governistas de um membro da OTAN estão pedindo abertamente a denúncia do tratado. Embora o PSOE (partido socialista de Sánchez) – majoritário na coalizão – continue comprometido com a OTAN, ele depende do Podemos para governar, o que dá peso político a essas exigências.

É importante notar que a Espanha tem uma relação histórica peculiar com a OTAN. O país só ingressou na aliança em 1982 (após o fim da ditadura franquista) e houve um referendo em 1986 que condicionou sua permanência a certas restrições (não participação na estrutura nuclear integrada, etc.). Setores da esquerda espanhola tradicionalmente foram anti-OTAN desde a Guerra Fria, mas desde então a Espanha se integrou plenamente nas operações da aliança. Nunca antes, porém, uma retirada se mostrou iminente – nenhum país jamais saiu da OTAN voluntariamente até hoje (a única exceção foi a retirada temporária da Grécia entre 1974-1980). Assim, se a Espanha iniciasse um processo de saída, seria um fato inédito e de enormes implicações geopolíticas.

 

Implicações geopolíticas de uma retirada espanhola: A saída da Espanha representaria um golpe significativo para a OTAN e para a arquitetura de segurança ocidental. Em termos estratégicos, a Espanha ocupa posição geográfica crucial: controla o acesso ocidental ao Mar Mediterrâneo (Estreito de Gibraltar) e abriga importantes bases militares dos EUA, como Rota (base naval chave para a 6ª Frota) e Morón (base aérea). Uma retirada implicaria provavelmente o fechamento dessas bases (conforme defendido pelo Podemos), o que reduziria a capacidade de projeção de poder dos EUA na Europa, Norte da África e Oriente Médio. A frente sul da OTAN ficaria enfraquecida, exigindo que países como Itália, França e Portugal assumissem maiores responsabilidades de vigilância no Mediterrâneo e Atlântico leste.

 

Politicamente, seria um sinal de fratura na unidade ocidental. Adversários como a Rússia poderiam celebrar tal saída como vitória, pois mostraria divisões internas no bloco adversário. A propaganda russa sem dúvida exploraria a narrativa de “OTAN em dissolução”. Outros países membros com fortes correntes céticas em relação à OTAN – por exemplo, a Turquia (que já diverge em vários pontos) ou mesmo setores políticos em França, Alemanha, Grécia – poderiam se sentir encorajados a questionar mais abertamente sua participação. A coerência decisória da OTAN também sofreria: a aliança opera por consenso de 30 nações, e perder um membro pode complicar operações conjuntas e logística integrada até se recalibrar tudo.

 

Para a própria Espanha, as consequências seriam complexas. Por um lado, sair da OTAN atenderia a uma parte do espectro político e possivelmente a parcela da opinião pública cansada de envolvimento em conflitos (há protestos pacifistas recentes e memória da oposição popular à Guerra do Iraque). O governo espanhol poderia redirecionar recursos militares para usos domésticos e reforçar uma imagem de política externa independente. No entanto, Madrid perderia as garantias de defesa coletiva do Artigo 5º da OTAN, ficando potencialmente mais vulnerável em um cenário internacional instável. Embora a UE tenha sua cláusula de defesa mútua, ela nunca foi testada de forma robusta e a OTAN continua sendo o pilar da defesa europeia. A Espanha teria que se apoiar em acordos bilaterais ou na Política Comum de Segurança e Defesa da UE – mecanismos ainda menos consolidados.

 

Além disso, internamente, uma retirada poderia polarizar a sociedade espanhola. Grandes partidos de centro-direita (PP, Vox) são pró-OTAN e veriam tal movimento como uma ameaça à segurança nacional e às relações com aliados. Poderia haver impactos econômicos locais nas regiões que hospedam bases e indústrias de defesa integradas à OTAN. Em suma, seria uma decisão de enormes proporções, redesenhando o papel da Espanha no mundo.

 

No âmbito da OTAN, a saída espanhola exigiria adaptações imediatas: redistribuição de comandos e responsabilidades que a Espanha ocupa (por exemplo, comando da Defesa Aérea das Canárias), deslocamento de ativos militares conjuntos que lá estão baseados, e possivelmente a renegociação de compromissos de contribuição para missões em andamento. A confiança entre os demais aliados poderia ficar abalada – hoje nenhum membro da OTAN jamais rescindiu sua participação, de modo que isso quebraria um tabu de permanência contínua. No longo prazo, a OTAN sobreviveria (assim como seguiu forte mesmo quando a França se retirou do comando integrado de 1966 a 2009, embora sem deixar a aliança), mas perderia influência.

 

Geopoliticamente, uma Europa com uma Espanha não alinhada plenamente à OTAN poderia ver a emergência de um bloco europeu de defesa alternativo. A Espanha poderia se engajar com França, talvez Itália, em iniciativas de defesa autônomas fora do guarda-chuva americano. Isso, por sua vez, reconfiguraria as relações transatlânticas: os EUA poderiam reduzir seu envolvimento na segurança europeia (um objetivo declarado por alas isolacionistas americanas), levando a uma OTAN mais focada no leste/norte da Europa. Por outro lado, a união europeia poderia sofrer, pois nem todos os membros da UE concordariam com um afastamento da OTAN – vide os países bálticos e Polônia, fortemente pró-OTAN.

 

Em conclusão, a combinação das tarifas de Trump, a resposta contundente de aliados e a negociação de acordos controversos como o de terras raras na Ucrânia criou tensões sem precedentes na aliança ocidental. Esse cenário alimenta movimentos políticos domésticos contrários à OTAN, como visto na Espanha, ameaçando a coesão que foi fundamental nas últimas décadas. Embora uma retirada espanhola da OTAN ainda seja hipotética e enfrentaria muitas barreiras políticas internas e externas, o simples fato de ser cogitada por integrantes do governo ilustra até que ponto as ações da administração Trump em 2025 abalaram a confiança entre aliados. A continuidade dessa tendência poderia remodelar a arquitetura de segurança global, marcando uma transição de uma ordem baseada em alianças estáveis para uma era de acordos transacionais e alinhamentos voláteis – com consequências imprevisíveis para a estabilidade internacional.

 

Fontes: Medidas tarifárias e reações baseadas em reportagens da Reuters, incluindo declarações de líderes e dados econômicos (Trump locks in Canada, Mexico tariffs to launch on Tuesday; stocks tumble | Reuters) (Trump triggers trade war, price hikes with tariffs on Canada, China and Mexico | Reuters) (Trump triggers trade war, price hikes with tariffs on Canada, China and Mexico | Reuters) (China launches WTO dispute over Trump tariffs | Reuters); resposta da China e queixa na OMC conforme Reuters (China launches WTO dispute over Trump tariffs | Reuters) (China launches WTO dispute over Trump tariffs | Reuters); análise de impactos em mercados e setores por Reuters (Trump triggers trade war, price hikes with tariffs on Canada, China and Mexico | Reuters) (Trump triggers trade war, price hikes with tariffs on Canada, China and Mexico | Reuters); detalhes do acordo de minerais EUA-Ucrânia e reações de aliados segundo Politico, RFE/RL e Reuters (Ukraine’s allies in DC tell Zelenskyy: Take the rare earths deal – POLITICO) (Ukraine’s allies in DC tell Zelenskyy: Take the rare earths deal – POLITICO) (Europe keeps trying with Trump on Ukraine and security despite Zelenskiy clash | Reuters); posição espanhola sobre OTAN reportada pela mídia espanhola (Onda Vasca) e agências (Podemos pide salir de la OTAN: “No sirve para absolutamente nada a la Unión Europea” – Onda Vasca) (Spanish political forces demand NATO withdrawal, criticize US influence | Caliber.Az); contexto histórico e implicações estratégicas com base em fontes da OTAN e análise especializada. Todas as informações foram extraídas de fontes internacionais confiáveis, evitando-se caracterizações sensacionalistas.

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